Consideradas as doenças que mais matam em todo o mundo em 'tempos normais', as doenças cardiovasculares estão em alta mesmo nestes tempos de pandemia do coronavírus. Conforme dados do Portal da Transparência da Arpen-Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil), disponibilizados em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), desde 2019 até ontem o Paraná anotou 45.623 óbitos causados por essas enfermidades, o que aponta para uma morte no estado a cada 32 minutos, em média. Além disso, houve aumento nos registros de falecimentos em 2020 na comparação com 2019 e agora em 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ao longo deste ano, por exemplo, os cartórios do Paraná registraram 13.202 Declarações de Óbito (DO) em que as doenças cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), apareciam como uma das causas de morte. No ano passado, também até o dia 28 de setembro, haviam 12.169 registros – o que aponta para uma diferença de 8,5% entre 2021 e 2020.
Ainda em 2020, quando o estado passou a ser acometido pela Covid-19, os registros de óbitos por doenças cardiovasculares já haviam subido no Paraná, com um total de 16.424 registros (13.985 deles entre março e dezembro do ano passado), 2,7% a mais que os 15.999 falecimentos de 2019 (quando houve 13.629 mortes causadas por essas enfermidades nos 10 últimos meses do ano).
Para além das estatísticas, no dia a dia dos consultórios os médicos já notam um descontrole de comorbidades nos pacientes, como alerta Leandro Vasconcelos, chefe de Cardiologia Clínica do Hospital São Vicente Curitiba.
“Estamos notando um aumento drástico, um descontrole de casos de hipertensão, diabetes e colesterol, que podem ser associados ao isolamento social. As pessoas fizeram menos atividades físicas e pioraram o padrão alimentar. A consequência é um ganho de peso e piora dos níveis glicêmicos e de pressão arterial, condições silenciosas que a longo prazo podem desenvolver problemas para o coração”, afirma o especialista.
Essas comorbidades, além de obesidade e tabagismo, são os principais fatores que podem levar a uma doença cardiovascular. “O problema mais comum é a hipertensão, sendo que 60% dos idosos tem essa condição, que pode causar insuficiência cardíaca e doença coronariana. A hipertensão também é a principal causa de infarto e AVC”, revela o cardiologista.
RÁPIDA:
Dia Mundial do Coração
Nesta quarta-feira, 29 de setembro, celebra-se o Dia Mundial do Coração, data cujo intuito é conscientizar a população sobre a importância de manter hábitos saudáveis e preservar a saúde do músculo cardíaco. Um alerta ainda mais necessário em tempos de pandemia, quando o isolamento social provocou aumento do sedentarismo e até da má alimentação - fatores de risco para as doenças do coração. No Brasil, inclusive, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 30% das mortes todos os anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Quando fazer um check-up cardiológico
A partir dos 30 anos de idade, o ideal é que o paciente faça um check-up anual a partir dos 30 anos, explica o Dr. Leandro Vasconcelos. “Não é raro pacientes infartarem entre 30 e 40 anos, pois tinham diabetes, colesterol ou hipertensão se desenvolvendo de maneira silenciosa durante anos. Se tivessem sido detectados de maneira precoce, poderíamos ter feito alterações no estilo de vida e uso de medicamentos, se necessário, para evitar isso”, considera.
Se uma pessoa tem fatores de risco, como ser sedentária ou estar acima do peso, e nunca fez avaliação cardiológica, o cardiologista aponta que vale a pena fazer uma avaliação cardiológica até mais cedo. “A partir dos 18 anos nós já poderia ser feita a avaliação da pressão arterial e pelo menos uma vez dos níveis de colesterol”, afirma.
Dor no peito, falta de ar e taquicardia são sinais de alerta
Um check-up cardiológico começa com uma avaliação clínica, aferição de pressão arterial e medição da circunferência abdominal, quando necessário, além de exames laboratoriais para avaliação do perfil lipídico e glicemia. “Esses são dados bem simples, mas que já estão associados a doenças cardiológicas. A partir deles, avaliamos as necessidades de eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico, MAPA e Holter. Quando necessário é orientado também um rastreio mais profundo”, esclarece o chefe de Cardiologia Clínica do Hospital São Vicente Curitiba.
Se a avaliação cardiológica já é necessária em pessoas assintomáticas, quando já existem sintomas, ela é imprescindível. Os principais que podem indicar doenças cardiovasculares são dor no peito, falta de ar, palpitação, taquicardia (sensação de “batedeira” no coração) e inchaço nas pernas. O cardiologista comenta que os gregos já sabiam que uma pessoa sentindo dor no peito, que corria para o braço, era sinal que a morte estava chegando. “Esse conhecimento de dor no peito já vem de muito tempo e mesmo hoje as pessoas ainda não procuram um médico até que aconteça alguma complicação”, adverte Dr. Leandro Vasconcelos.
Mortes por doenças cardiovasculares no Paraná e no Brasil
BRASIL
2021*
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 228.528
Mortes por AVC:
Mortes por infarto:
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 79.461
2020
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 292.110
Mortes por AVC: 102.615
Mortes por infarto: 95.391
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 94.104
2019
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 273.593
Mortes por AVC: 101.786
Mortes por infarto: 99.902
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 71.905
PARANÁ
2021*
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 13.200
Mortes por AVC: 4.668
Mortes por infarto: 4.078
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 4.454
2020
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 16.424
Mortes por AVC: 6.173
Mortes por infarto: 5.319
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 4.932
2019
Total de mortes por doenças cardiovasculares: 15.999
Mortes por AVC: 6.233
Mortes por infarto: 5.594
Mortes por causas cardiovasculares inespecíficas: 4.172
* Dados de 2021 até o dia 28/09, quando foi feita a extração dos dados no Painel Registral do Portal da Transparência do Registro Civil
Fonte: www.bemparana.com.br
Postado por: Josiel
29/09/2021