O cooperativismo de crédito vem desenvolvendo papel relevante para proporcionar acesso a serviços financeiros completos à população de municÃpios considerados menos atrativos para manutenção de agências para bancos atuarem. É o que mostra o terceiro estudo da série “BenefÃcios do Cooperativismo de Créditoâ€, organizada pelo Sicredi. O trabalho avaliou a atuação dos bancos privados, públicos federais e regionais, e instituições financeiras cooperativas entre 2010 e 2018, gerando Ãndices que mostram o nÃvel de dificuldade para a atuação fÃsica das instituições em cada municÃpio e como elas se comportam nesse cenário.
Partindo da constatação de que que os municÃpios brasileiros possuem caracterÃsticas sociais, econômicas e territoriais diferentes, e, portanto, tendo diferentes nÃveis de atratividade para a inserção fÃsica de uma instituição financeira com portfólio completo de soluções, o estudo buscou quantificar e tornar comparável o esforço necessário para a atuação nas localidades. Para isso, a equipe de economistas do Sicredi desenvolveu o Ãndice de Presença Bancária (IPB), que reflete a probabilidade de não se ter uma agência em determinada cidade, e os Ãndices Municipais de Bancarização (IMB) relativo e absoluto, que conseguem, a partir do IPB, demonstrar o nÃvel de penetração das instituições em municÃpios de difÃcil atuação, assim como mostrar a contribuição agregada da presença.
Os resultados trouxeram evidências de que, comparada à s demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difÃcil bancarização, ou seja, em regiões que são mais complexas para a rede bancária conseguir operar.Â
“Tendo em vista a necessidade ainda grande de bancarização dos brasileiros, mesmo com todos os avanços proporcionados pela digitalização, desenvolvemos um estudo para quantificar e tornar comparável o esforço das cooperativas de crédito em atuar em locais mais adversos. Os resultados reafirmam a capacidade do cooperativismo de crédito como um meio diferenciado para levar serviços financeiros completos para a população dessas cidadesâ€, explica o economista-chefe do Sicredi, Pedro Ramos.
O economista também ressalta caracterÃsticas do cooperativismo de crédito que favorecem a bancarização. “Ao atuar em locais de difÃcil acesso para a rede bancária, as cooperativas acabam sendo uma solução para atender as necessidades de pequenos e micros empresários nessas regiões, contribuindo com o desenvolvimento local. Além disso, trata-se de um modelo de negócio que se diferencia pela proximidade com os associados, oferecendo atendimento completo, com ampla gama de produtos e serviços financeiros, mas tendo um papel consultivo junto a cada um delesâ€, afirma Ramos, que ainda destaca o fato de os sistemas cooperativos terem hoje todas as principais soluções digitais disponÃveis.Â
“O conceito de relacionamento que empregamos é fisital, no qual o atendimento está disponÃvel por meio dos canais móveis e os nossos associados têm a alternativa de utilizar a agência para necessidades especÃficas e conforme sua conveniência, fortalecendo a relação dos nossos colaboradores com as comunidades onde estamos inseridosâ€, explica o diretor de Administração do Sicredi, César Bochi.
Metodologia inovadora: um pouco mais sobre os indicadores
Para chegar à s conclusões mencionadas acima, a equipe do Sicredi criou indicadores inéditos. O IPB, que se baseia em dados socioeconômicos de cada municÃpio, do perÃodo entre 2010 e 2018, indica a probabilidade de não se encontrar uma agência fÃsica nele. Para isso, confere uma nota à cada cidade avaliada, que varia entre 0 e 1 e representa a dificuldade de manutenção de uma agência bancária naquela localidade de acordo com as suas caracterÃsticas socioeconômicas. Os IPBs mais elevados, próximos de 1, indicam locais mais adversos para a instalação e permanência de uma agência fÃsica. Assim, foi possÃvel detectar, por exemplo, que embora possam ser encontrados em todo o território nacional, há uma concentração maior de municÃpios com alto IPB nas regiões Norte e Nordeste.Â
Também foram criados dois indicadores analÃticos, com o objetivo de avaliar o papel dos modelos de negócio das instituições financeiras (bancos privados, bancos públicos federais, bancos públicos regionais e sistemas cooperativos) na cobertura de municÃpios de maior dificuldade de manutenção de redes fÃsicas de atendimento, ou seja, com IPB elevado. Foram atribuÃdos a estes indicadores os nomes de Ãndice Municipal de Bancarização Relativa (IMB-R) - quanto mais elevado, mais o modelo de negócio se concentra em municÃpios de difÃcil manutenção - e Ãndice Municipal de Bancarização Absoluta (IMB-A) – quanto mais elevado, mais forte é a atuação daquela categoria de instituição financeira na expansão da fronteira de atendimento bancário brasileiro.
Estudos anteriores
O estudo recém-lançado vai ao encontro de outra pesquisa, desenvolvida em 2020 a pedido do Sicredi pelo especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da PontifÃcia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Na ocasião, foi constatado que, enquanto bancos tradicionais têm em média um limite mÃnimo de 8 mil habitantes para abrir uma agência, uma cooperativa de crédito tem capacidade de abertura em municÃpios a partir de 2,3 mil habitantes. A comparação em termos de renda também chamou atenção, apontando que as cooperativas conseguem operar em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para os bancos públicos é necessário um PIB mÃnimo de R$ 146 milhões e para um banco privado, de R$ 220 milhões.
Outro levantamento, de autoria da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apresentado em 2019 avaliou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativa de crédito, entre 1994 e 2017, e cruzou informações do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE), evidenciando que o cooperativismo de crédito incrementa o PIB per capita dos municÃpios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando o empreendedorismo local.
Fonte: Sicredi Grandes Lagos PR/SP – Laranjeiras do Sul/PR
Postado por: Jefferson Silva - Laranjeiras do Sul
04/09/2021