Há quatro temporadas, a agricultora Hildegard Abt conduz parte de sua lavoura de soja na propriedade rural localizada em Goioxim, município da região Centro-Sul, aplicando o Manejo Integrado de Pragas (MIP), conjunto de técnicas que visa controlar pragas de maneira sustentável, promovendo o equilíbrio ecológico e o uso racional de defensivos químicos. Na safra 2023/24, mais uma vez, além dos benefícios ambientais, as boas práticas resultaram em economia. Na área de 66 hectares destinados à soja convencional e cultivados com o MIP, Hildegard não precisou fazer nenhuma aplicação de defensivos, como inseticidas – enquanto a média estadual é de quatro aplicações por temporada.
“Nós já incorporamos as técnicas do MIP à rotina. Sabemos direitinho o ponto de controle e quando é necessário entrar com aplicação de defensivos. Na safra passada, não foi necessário fazer aplicação. A gente vê a proliferação dos inimigos naturais [das pragas] e isso é gratificante”, diz Hildegard. “Teve semana de levantamento que a gente batia o pano seis vezes e não tinha lagarta”, exemplifica. Os resultados obtidos por Hildegard refletem uma tendência entre os produtores que aplicam as técnicas de monitoramento de lavoura e controle biológico. Na última safra, 445 sojicultores participaram do curso “Manejo Integrado de Pragas na soja – MIP Soja”, levado a campo pelo Sistema FAEP. Cada participante adotou as técnicas em sua propriedade.
Os resultados foram positivos. Em 98 lavouras conduzidas com MIP (22% do total), não houve aplicação de defensivos. Em 163 (ou 36%), os produtores precisam recorrer a agroquímicos uma única vez. Na outra ponta, 35 propriedades (7,8%) registraram quatro ou mais aplicações.
Dados do Projeto Campo Futuro, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Sistema FAEP, apontam que o custo médio de uma aplicação é de R$ 67 por hectare. Levando em conta que a média no Paraná é de quatro pulverizações por safra, o produtor que não precisou fazer uso de defensivos deixou de gastar R$ 268,20 por hectare. Como a área média destinada ao MIP por propriedade na safra passada foi de 66,2 hectares, muitos agricultores economizaram mais de R$ 17,7 mil.
“Essa economia pode ser determinante para o produtor”, frisa Castellem Júnior. “Além disso, a redução no uso de inseticidas também promove uma agricultura mais sustentável e ambientalmente responsável. Ao minimizar a necessidade de múltiplas intervenções químicas, os produtores conseguem manter a saúde do solo e a biodiversidade, além de garantir a segurança alimentar”, complementa o técnico do Sistema FAEP.
Curso de MIP já chegou a 4,3 mil produtores no PR
Desde a safra 2016/17, o Sistema FAEP leva o curso “Manejo Integrado de Pragas na soja (MIP Soja)” aos produtores rurais. De lá para cá, foram formadas 359 turmas, com mais de 4,3 mil agricultores participantes. “Na prática, isso significa um contingente de milhares de agricultores afinados com práticas sustentáveis, que racionalizam o uso de agroquímicos e preservam o meio ambiente. De quebra, quem utiliza as técnicas do MIP tem mais produtividade e economiza. Isso é agricultura moderna”, define o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
Desenvolvido em parceria com a Embrapa Soja, o MIP é um conjunto de práticas que incluem o monitoramento constante de pragas e o controle biológico – ou seja, o agricultor utiliza os predadores naturais das pragas para combatê-las. Assim, os produtores só utilizam inseticidas quando realmente necessário e apenas nos segmentos da lavoura infestadas.
Com carga-horária de 52 horas, o curso “MIP Soja” está dividido em três partes. Na primeira, os alunos são apresentados aos fundamentos teóricos do Manejo Integrado de Pragas, envolvendo os protocolos técnicos e seus inimigos naturais.
A segunda parte envolve o monitoramento da lavoura. A cada encontro, o instrutor e os alunos visitam uma das propriedades participantes e, em conjunto, fazem a vistoria dos talhões, identificando insetos-praga e tomando as decisões de manejo com base no diagnóstico e nas técnicas do MIP. Por fim, na fase derradeira do treinamento, os participantes se reúnem e discutem os resultados obtidos em cada propriedade e traçam estratégias de planejamento para safras futuras.
Fonte: FAEP
Postado por: Jefferson Silva - Laranjeiras do Sul
23/10/2024