A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) é uma das parceiras na realização da III Mostra Arte Surda, que aconteceu no campus de Irati ao longo da semana. A Mostra é parte das ações do Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro. Todo o conteúdo está disponível no YouTube da Unicentro.
A iniciativa envolveu, além da Unicentro, o CAS Guarapuava, que é a regional do Centro de Apoio ao Surdo e aos Profissionais da Educação de Surdos do Paraná. O evento também contou com a colaboração da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, do Departamento de Educação Especial, dos CAS e Núcleos Regionais de Educação de Guarapuava, Francisco Beltrão e Cascavel.
“Contemporaneidade” foi o tema desta terceira edição da Mostra Arte Surda. Além de dar visibilidade à cultura surda, o evento teve como objetivo compartilhar conhecimentos e práticas na educação de surdos a partir do viés artístico.
“A Mostra de Arte Surda surgiu com o intuito de valorizar as produções artísticas dos alunos surdos da rede estadual de ensino do Paraná e também para que a comunidade em geral pudesse conhecer sobre a cultura, a identidade, a língua e as formas de expressão do sujeito surdo”, explicou a coordenadora do CAS Guarapuava, Jiane Ribeiro Neves Cwick. “Com a pandemia, tivemos que reformular a proposta, que passou a ser realizada remotamente, focando em vertentes que tem se destacado entre os surdos para retratar o momento atual, principalmente, por meio das redes sociais”.
Segundo a chefe da Divisão de Promoção Cultural do Campus Irati, professora Eliziane Manosso Streiechen, a universidade e o CAS se preocuparam, enquanto organizadores, em garantir que a programação fosse inclusiva tanto para a comunidade surda, quanto para a de ouvintes.
“Todo o evento tem acessibilidade. As palestras foram realizadas por pessoas surdas, profissionais surdos, temos intérpretes fazendo a voz desses palestrantes. E se o palestrante for ouvinte, tem o intérprete fazendo a sinalização do que está sendo proferido na palestra. Nós, da comunidade universitária, temos a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura surda, sobre os movimentos e sobre temáticas específicas que serão abordadas dentro das palestras”, disse.
CARACTERÍSTICAS – No primeiro dia do evento, a professora, pesquisadora e atriz surda Rafaela Hoebel conduziu uma palestra sobre a contemporaneidade da arte surda. Comunicando-se em Libras (Língua Brasileira de Sinais), Rafaela destacou, na voz da intérprete Jiane Cwick, quais as principais características da arte surda contemporânea e como algumas questões pontuais, como a pandemia de Covid-19, trouxeram mudanças para a visibilidade das produções artísticas desta comunidade.
“Por meio das diversas manifestações artísticas os surdos ganharam mais visibilidade e reconhecimento como seres pensantes, criativos e com diversas habilidades”, disse Rafaela. “A pandemia auxiliou no sentido de a comunidade surda ganhar mais visibilidade pois, neste momento, as pessoas surdas estão mostrando muito mais a sua arte, suas ações criativas e seus mais diversos trabalhos pela internet. A Libras vem sendo evidenciada nas lives até mesmo de música. Penso que essa visibilidade ajuda muito a fortalecer a comunidade”.
A professora surda é também atriz no grupo Mapas (Mãos Azuis Projetos Artes Surdas), que reúne surdos e ouvintes em um projeto artístico com foco na arte surda sinalizada. Rafaela compartilhou algumas experiências inspiradoras que vivenciou participando dos espetáculos de teatro.
“Me recordo de um momento como atriz, um momento lindo. Foi quando eu percebi uma criança surda na plateia – os olhos dela brilharam ao me ver atuando. A identificação dessas crianças com adultos surdos que já têm uma trajetória de lutas e conquistas para contar é realmente motivador. A arte proporciona conhecer a nossa história, entender as nossas lutas e conquistas e possibilita manifestar nossas emoções, nossa criatividade, nossos pensamentos”, arrematou.
Fonte: www.aen.pr.gov.br
Postado por: Josiel
24/09/2021