Os defensivos químicos, quando mal aplicados, podem causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde humana. Para fomentar a discussão e a conscientização sobre a necessidade de cuidados e do uso racional dos produtos, estabeleceu-se 11 de janeiro como o Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos.
Dados do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) mostram que, em 2017, os agricultores brasileiros usaram 539,9 mil toneladas de agrotóxicos. O País é um dos principais mercados para os defensivos e registra muitas ocorrências de intoxicações e poluição de rios e solo.
Para minimizar os problemas, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater (IDR-Paraná) tem levado aos agricultores algumas tecnologias e práticas menos agressivas ao ambiente.
MIP/MID – O coordenador estadual do Projeto Grãos, do IDR-Paraná, Edivan Possamai, destaca que o uso do produto químico muitas vezes é uma questão econômica, e não um desejo do agricultor. “O produtor tem receio de perder a safra para as pragas”, pondera. Para que essa conduta comece a ser mudada, ele sugere o suporte técnico na adoção de práticas mais sustentáveis.
"O MIP (Manejo Integrado de Pragas) e o MID (Manejo Integrado de Doenças) demonstram que é possível reduzir o uso de agrotóxicos e manter a produtividade das lavouras”, diz. Essas técnicas nem sempre excluem totalmente o uso de defensivos químicos, mas oferecem ao produtor a possibilidade de usá-los somente quando a praga ou doença acarretarem risco para a lavoura.
Segundo o extensionista, produtores acompanhados pelo IDR-Paraná que fizeram o MIP precisaram de 1,9 aplicações de inseticidas, contra 3,9 aplicações nas outras áreas. Nas propriedades que adotaram o MID, foram feitas 1,6 aplicações de fungicidas, enquanto a média paranaense é de 2,4 aplicações. Há também casos de produtores que passaram o ciclo todo da soja sem aplicação de defensivo químico.
"Quanto menos o produtor interfere no ambiente da lavoura, maior é o equilíbrio entre inimigos naturais e pragas. Os manejos integrados favorecem um ambiente mais equilibrado, em que a própria natureza faz o controle de pragas e doenças", explica Possamai.
SUSTENTABILIDADE - Um dos fatores que ajudam a disseminar práticas ambientalmente corretas e, por consequência, a diminuir a poluição por agrotóxicos é a adoção de princípios da agroecologia. O Governo do Estado desenvolve um programa de fomento à agricultura orgânica, dando o apoio necessário para que os produtores interessados possam superar os gargalos desse segmento.
O coordenador de Agroecologia do IDR-Paraná, André Luis Alves Miguel, diz que a assistência técnica trabalha na transição para sistemas mais sustentáveis. As práticas levam em conta a racionalização ou o uso consciente de insumos; a substituição dos agrotóxicos por produtos menos nocivos ou biológicos; o redesenho dos agroecossistemas, além da valorização da produção e comercialização local para diminuir os custos de produção.
No ano passado, o IDR-Paraná promoveu dois treinamentos de técnicos e produtores. Também foram implantadas 79 unidades de referência de tomate orgânico e 69 URs do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças. "Todo o manejo dessas áreas foi orgânico, sem qualquer tipo de agrotóxico. Esperamos que esse trabalho dê confiança para os agricultores e técnicos e a experiência se multiplique", afirma Miguel.
PESQUISA - O assunto também é tema da diretoria de Pesquisa e Inovação do IDR-Paraná, com vistas a gerar tecnologias que promovam a produção de alimentos seguros, saudáveis e nutritivos e que poupem a terra, a água e outros recursos naturais.
Para isso, o instituto desenvolve variedades de café, milho, batata e cereais de inverno mais adaptadas e resistentes a pragas e doenças. Os pesquisadores trabalham também para melhorar as práticas de manejo e conservação de solos, a rotação de culturas e Sistemas Integrados de Produção Agropecuária.
"São pesquisas que contribuem para a melhoria da fertilidade dos solos, tornando as plantas mais resistentes, além de contribuir para a redução da erosão e consequente contaminação da água com resíduos de agrotóxicos e outros agroquímicos, carreados para os rios e outras fontes de água", afirma o gerente de pesquisa do IDR-Paraná, Pedro Auler.
Fonte: SEAB
Postado por: Jefferson Silva - Laranjeiras do Sul
13/01/2021