Agricultores contam, cada vez mais, com opções de inseticidas biológicos para controle de pragas nas lavouras. Os chamados biodefensivos reduzem a exposição dos trabalhadores, dos consumidores e do meio ambiente a resÃduos quÃmicos. A Embrapa tem ampliado o leque de produtos para controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), principal praga do milho, que acomete também outras culturas, como soja, sorgo, algodão e hortaliças. Neste ano, chega ao mercado mais uma novidade: o bioinseticida VirControl S.f., desenvolvido em parceria com a empresa Simbiose, que será lançado nesta quarta-feira, em BrasÃlia, durante a solenidade do 46º aniversário da Embrapa.
O primeiro inseticida à base de Baculovirus spodoptera, o CartuchoVIT, foi lançado em 2017, como resultado da parceria entre a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e o Grupo Vitae Rural. Em 2018, esse produto foi comercializado em quantidade suficiente para tratar cerca de 15.300 hectares. Para a safra 2019/2020, também será comercializado o bioinseticidaBaculoMIP-Sf, elaborado com uma outra cepa de baculovÃrus, em parceria entre a Embrapa e a empresa Promip.
Esses bioinseticidas têm como princÃpio ativo vÃrus de grande eficácia para controle da lagarta-do-cartucho. “Os baculovÃrus são agentes de controle biológico que não causam danos à saúde dos aplicadores, não matam inimigos naturais das pragas, não contaminam o meio ambiente, nem deixam resÃduos nos produtos a serem vendidos nas gôndolas dos supermercadosâ€, explica o pesquisador Fernando Valicente. Testes de biossegurança comprovaram que esses vÃrus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos.
“A partir da coleção de cepas de baculovÃrus da Embrapa Milho e Sorgo, nos últimos anos, têm sido desenvolvidos, juntamente com o setor privado, diferentes bioinseticidas voltados para o controle da lagarta-do-cartucho, que é capaz de reduzir a produção dessa cultura em mais de 50%. Cada empresa utiliza uma formulação própria. Esse fato, aliado ao uso de diferentes cepas, permite criar mais opções de bioprodutos para o agricultorâ€, explica Sidney Parentoni, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo.
O pesquisador Fernando Valicente ressalta que a segurança dos inseticidas à base de baculovÃrus, aliada à facilidade de manuseio, faz desses produtos um dos melhores agentes de controle biológico disponÃveis para os agricultores.
Como usar
CartuchoVIT, VirControlSf e BaculoMIP-Sf são disponÃveis como pó molhável. Para utilizar os produtos, o agricultor dilui o pó em água e aplica no campo. Podem ser usados os mesmos equipamentos de aplicação de produtos quÃmicos, fator que contribui para a redução de despesas dos agricultores.
Valicente explica que não se trata de um inseticida de contato. “A lagarta tem que raspar um pouco a folha que recebeu a aplicação do produto. Ela é infectada pelo vÃrus, diminui sua alimentação drasticamente e morre em cinco dias.â€
Para garantir a eficácia dos bioinseticidas, o produtor deve seguir as orientações de uso. “É importante cuidar do preparo e da aplicação, respeitar a vazão, utilizar o bico correto, dar boa cobertura e entender o melhor posicionamento do produto, ou seja, a data em que se aplicaâ€, comenta o pesquisador.
Processo de produção
O processo de desenvolvimento dos bioinseticidas foi longo e envolveu muitas pesquisas, conforme explica Fernando Valicente. “Foram feitos, nos anos de 1980 e 1990, levantamentos de lagartas. Você vai ao campo, coleta lagartas, observa em laboratório e aà detecta as doentes. As lagartas com sintomas tÃpicos de vÃrus são trabalhadas. Você identifica o agente causador da doença e faz a caracterização dos vÃrus com experimentos ao longo do tempo. Analisa a eficiência de cada isolado de vÃrus e, após detectar os melhores isolados, é preciso testar fatores importantes: temperatura de incubação da lagarta depois de infectada, idade do inseto próprio para infecção e concentração de vÃrus a ser usada. Avaliam-se, então, os resultados para poder orientar a produção.â€
Após todos os estudos, é possÃvel obter parâmetros para a produção do bioinseticida. Lagartas sadias criadas em laboratório são usadas como hospedeiras para multiplicar os vÃrus e dar origem ao produto. “Você pega as lagartas mortas, processa, tritura, seca o material e coloca um agente inerte (pó básico)â€, explica Valicente.
Sidney Parentoni ressalta que esse trabalho demostra a atuação da Embrapa na chamada bioeconomia. “A Empresa transforma conhecimento tecnológico em inovação para a sociedade brasileira, via parcerias público-privadasâ€.
Fonte:Â Embrapa Milho e Sorgo
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Fonte: Â Embrapa Milho e Sorgo</span>
Postado por: Jefferson Silva
26/04/2019